sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Eu não queria te machucar. -Dark Side, capitulo 1

O sangue escorria por todo o chão do meu banheiro. Aquele vermelho intenso escorrendo pelo meu braço quase me fazia crer que tudo havia acabado, os problemas haviam evaporado. Mas o fato é que essa sensação de conforto dura pouco, e esta é a explicação para os variados cortes em meu pulso. 
    Levantei do chão, me olhei no espelho e lamentei pelo o que vi. Algo que me define bem neste momento? Desprezo. Desprezo pelo fato de que aquela garota refletida em meu espelho é um fracasso. 
    Sabe como é a sensação de saber que você foi o motivo da morte de sua própria mãe?
    Quando você recebe a notícia de que sua mãe foi assassinada, você sofre. Sofre por saber que a pessoa mais especial da sua vida morreu. Mas quando você foi a causa da morte dela, a dor é ainda pior.
   Imagino que se eu não tivesse nascido, talvez agora ela estivesse sendo feliz, com uma bela vida.
 Além de fracassada, idiota, imbecil... Também sou uma assassina. E definitivamente é triste ter que aguentar isso todos os dias. 
Lavei meu punho e, mais uma vez, conforto. Assim que a água se chocou a minha pele, senti arder, e foi uma sensação incrível. Pode parecer estranho, mas dor física me faz bem, nada comparada a dor emocional. 
Tratei logo de tirar a roupa e tomar banho. Tinha acordado as 4 horas da manhã. 
Aquela água quente saia de encontro com todo meu corpo e relaxava cada músculo do mesmo.
 "Tenho mesmo que ir ao colégio?",pensava. 
É meu primeiro dia de aula. Já estudei no Westchester High School por 4 anos e só eu sei o que já passei lá, e exatamente por isso desejo todos os dias não ter que ir. 
Em pouco tempo desci para minha primeira refeição do dia. 
"Oi pai." 
"Oi filha, ansiosa para seu primeiro dia de aula?"
"Sim, muito.", disse e dei um sorriso falso. 
Ele não sabe dos meus problemas e nem vai saber, por isso finjo gostar do colégio. 
A conversa acabou por aí.
Tomei meu café, me despedi do meu pai e saí. Coloquei meus fones de ouvido e ao som de Hoobastank fui andando ao colégio.
 Apesar da música ser de romance, me fazia lembrar da morte da minha mãe.
"-Papai, a mamãe morreu? -perguntava a menininha, com seus 5 anos de idade, ao seu pai desesperado que tentava explicar a situação à sua pequena.
-Sim, minha filha, ela está no céu agora. Mas eu vou te contar uma coisa bem legal. Ela virou um anjinho, e sempre que você precisar, sua mãe irá aparecer. 
-Ela tem asas papai? E usa aqueles vestidos brancos, que nem nos filmes? -perguntava a menina, orgulhosa pelo o que acabara de ouvir.
-Sim, filha, como nos filmes. - dizia Roberts, ainda atormentando pela dor de uma perda. 
[...]
-POR QUE VOCÊ NUNCA ME DIZ COMO A MAMÃE MORREU? - Mellanie, intrigada, gritava aos prantos.
-Porque eu sei que vai ser difícil pra você, filha. Você é uma garota sensível.
-Eu fui o motivo da morte dela? -perguntava, com o coração acelerado, e hesitante pela resposta.
-Não exatamente da maneira que essas palavras expressam. Sua mãe morreu no parto. Ela te amava tanto, minha filha. -Roberts parou e tentou se acalmar.
- Ela não tinha opções, você nascendo ou não, ela iria morrer. Porém, mesmo que tivesse, eu sei que Rosallie escolheria dar sua vida por você."
Lágrimas começaram a cair, estava chegando ao colégio então rapidamente as enxuguei.
 Mas infelizmente uma garota apareceu na minha frente, rindo debochadamente. Mackenzie. 
"A garotinha está chorando? Oh, que peninha."
Olhei para ela, abaixei o olhar e tentei passar.
"Continua tímida e calada não é querida?", saiu andando. "Hahaha, ainda vou me divertir muito com essa sonsa", gritou.
Andei rapidamente e fui direto para a sala de aula. Me sentei na cadeira, dei play em meu MP3 e abaixei a cabeça. 
É, aquele ano iria ser longo. Uma pena saber que aquilo era só o começo.
Espero que vocês tenham gostado. Posso pedir ao menos 5 comentários para o próximo capítulo?